A semana foi dominada por otimismo nos mercados brasileiros, com o Ibovespa renovando recordes históricos e consolidando o melhor desempenho desde sua criação, em 1968.
O avanço refletiu o forte ingresso de capital estrangeiro, a valorização das ações da Petrobras e a percepção de que a economia doméstica mantém resiliência mesmo diante de juros elevados. A combinação de resultados corporativos positivos e estabilidade macroeconômica sustentou o apetite por risco e impulsionou os ativos locais.
No campo macroeconômico, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa Selic em 15% ao ano, em linha com as expectativas do mercado. A decisão reforça o compromisso do Banco Central com o controle inflacionário e a avaliação de que a política monetária atual continua adequada.
Ainda assim, as projeções de inflação permanecem sensíveis às incertezas fiscais, e o início do ciclo de cortes de juros deve ocorrer apenas em 2026. A ata da reunião, prevista para 11 de novembro, deverá esclarecer os detalhes da estratégia adotada pelo comitê.
No campo fiscal, o Senado Federal aprovou o PL 1087/2025, que eleva a faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5 mil mensais e cria uma tributação mínima de até 10% sobre rendas anuais acima de R$ 600 mil, abrangendo dividendos e remessas ao exterior.
A medida, que segue para sanção presidencial, tem impacto estimado de R$ 25 bilhões, reacendendo o debate sobre sustentabilidade fiscal e os possíveis efeitos sobre consumo e arrecadação.
Em relação à atividade, a produção industrial encerrou o terceiro trimestre praticamente estável, com leve alta de 0,1%, confirmando a perda de fôlego observada nos meses anteriores. Apesar da estabilidade, parte dos segmentos ainda mostra resistência, sustentada pelo setor de bens de consumo e pela melhora marginal em cadeias industriais específicas.
No exterior, os Estados Unidos enfrentam o mais longo shutdown federal já registrado, com mais de 36 dias de paralisação. O impasse entre o governo e o Congresso tem travado a divulgação de indicadores econômicos, mas o relatório ADP trouxe algum alívio ao apontar 42 mil novas vagas no setor privado em outubro, acima das expectativas e sinalizando uma leve estabilização do mercado de trabalho americano.
Fechamento dos Mercados
A B3 encerrou a semana em clima de euforia. O Ibovespa ultrapassou pela primeira vez os 154 mil pontos, fechando a 154.063,53, alta de 0,47% no dia e 3% na semana. Foram 13 pregões consecutivos de valorização, a maior sequência positiva desde 1968, com 25 recordes apenas em 2025. O fluxo estrangeiro foi determinante, com R$ 24,2 bilhões negociados na sexta-feira. Petrobras voltou a brilhar: as ações PN subiram 3,77% e as ON, 4,83%, impulsionadas pela alta do petróleo e pelos sólidos resultados trimestrais. Já Vale recuou 1,10%, acompanhando o movimento do minério de ferro.
No câmbio, o dólar à vista caiu 0,25%, encerrando a R$ 5,3357, refletindo o bom humor local e a entrada de recursos externos. Em Nova York, as bolsas encerraram o dia em leve alta — Dow Jones (+0,16%), S&P 500 (+0,13%) e Nasdaq (-0,21%) — em meio às incertezas sobre os próximos passos do Federal Reserve e o impacto prolongado do shutdown.
Em resumo, o Brasil termina a semana em um ambiente de confiança e liquidez favorável, com o mercado celebrando novos recordes na bolsa e um câmbio comportado. A atenção agora se volta para os próximos indicadores, que devem ajudar a calibrar as expectativas quanto à política monetária e à trajetória da economia doméstica.
Agenda da próxima semana
Os próximos dias trarão indicadores relevantes para a avaliação do cenário econômico:
- 11/11 – Ata do Copom: deve detalhar o racional da manutenção da Selic em 15% e indicar o horizonte provável para cortes de juros.
- 11/11 – IPCA de outubro: leitura essencial para medir o ritmo da desinflação e ajustar expectativas do mercado.
- 12/11 – Pesquisa Mensal de Serviços: mostrará o desempenho do setor em setembro, fundamental para entender o comportamento da atividade econômica no terceiro trimestre.
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